quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Encontro

Ela chegou de mansinho, como quem andava em nuvens, e ele apenas sentiu seu perfume fresco, de rosas se abrindo num dia de abril, depois da breve chuva da madrugada.

Ela tinha um jeito meio assim, quase sonhadora, de menina que brinca pisando em poças de chuva; Ele, meio curtido pelo sol sertanejo, era de poucas palavras, econômico também nos gestos, mas de uma emoção sem tamanho que trancava no peito.

Ele gostava do cheiro da terra úmida, sinal de plantas brotando; Ela preferia o gosto tenro da maçã.

Ela era feita de pele macia, cheia de curvas e fartura; Ele, ossos e couro meio velho, rugoso pelo sol do nordeste.

Ela buscava sonhos e nuvens; Ele, a solidez da sobrevivência.

Ela era música; Ele, silêncio.

Entre eles, a pele em fogo, a química ardente, o gosto do querer.

Foram dois, e no encontro, apenas UM.