quinta-feira, 15 de abril de 2010

OUTONO

Manhã.
Acordo cedo, com o cheiro da terra vermelha molhada!
Não acredito, abro a janela... nuvens negras cobrem o céu e, animada, corro para fora.

Nem percebo a camisola fina, os pés descalços, os cabelos brancos despenteados.
Não sinto a fome de dias envergando meu corpo pálido e magro. Não vejo o casebre arrasado pela morte, o chão de barro pisado, a cal descascando pela ação do sol agrestino.

Cheiro ofegante o ar úmido do outono, e viajo nas cores vermelhas e alaranjadas dos arbustos, do capim ressecado pelo eterno verão e respiro a esperança do verde!
Pulo que nem criança, comemorando o novo!

Será verdade?

Vivo sem perceber as estações: sempre verão, pouco inverno a não ser em meu coração.

E o outono chegou?

Espero e não desisto. Não interessa se sonho ou se estou apenas viva. Quero tecer as cores outonais no meu coração, nessa tapeçaria de saberes nordestinos.

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