quarta-feira, 13 de maio de 2009

O laço e o nó – Ao meu pai

Durante toda a nossa existência construímos um tapete feito de laços e de nós, que se fazem e desfazem a partir de todas as relações que estabelecemos com outros seres no decorrer de nossa caminhada pela vida.

São relações que se traduzem em sentimentos, dos mais diversos tipos, tamanhos e cores, que nos transformam no que somos. Acredito que esse processo de aprendizagem afetiva se inicia quando bebês, ainda no calor uterino, fazemos contato com a mãe.

Ao nascer, já estabelecemos outros contatos que farão parte de nossa vida: pai, avós, tios e tias, primos, vizinhos, animais de estimação, todos num enorme emaranhado de nós , que vão sendo trançados diariamente.

Cada nozinho tem seu papel fundamental na construção da pessoa. E estes nós/laços são de diferentes tamanhos, alguns mais fortes, outros tão efêmeros que se desfazem na mais leve brisa do tempo.

Alguns nós são para sempre, deixando marcas que não se apagam jamais e que vão formando os bordados de nossa vida, deixando suas cores no nosso tapete do tempo.

Às vezes as cores ficam esmaecidas, se desgastando, quase desaparecidas na lembrança, como um dia de chuva que lava a rua ao amanhecer. Outras vezes, as cores são tão vívidas que se agitam ao sol, iluminando nossos olhares cansados e alimentando nossas almas carentes – deixando calor em nossas canções.

Cada laço consolida um afeto ou uma desavença, um amor, uma desesperança, uma tristeza sem fim, um anseio... Cada nó nos transforma, nos completa, nos diminui, e dói...

E cada passo que damos em direção à curva da vida nos fazem maiores. E somos sóis. E mesmo que nossas mãos estejam em outras mãos, e nossos braços amparem outros abraços, o caminho é único e é sozinho.

Mas os laços com que criamos nosso tapete podem ser fortes, suportando o peso de nossos corpos ao descansarem.

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