Descobri que sou feita de luz
E trevas,
Ardente,
Amorosa e fria.
Sou filha do suor
E da alegria
Sou teia da vida
Eterna namorada da morte.
Atravesso pontes e cemitérios
De olhos fechados.
Pulo muros
Abro portas e janelas.
Carrego comigo almas e flores
Sou pedra dura
Olhar sereno
Lagoa escura.
E inteira e nua
Sou tua.
Amiga, amante
Lua nova
Noite quente
Poesia e prosa!
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
ESSE SENTIR É A MINHA FORÇA
Esse amor,
Estranho amor de adolescente
Perdura infinitivamente,
Mesmo quando não sinto você em mim.
Poucas vezes
Vejo você inseguro do meu sentir
E esse medo,
Tão escondido
Faz-me forte para enfrentar
Meus próprios medos.
Não tenho vergonha
Das minhas inseguranças,
Nem do meu querer
Viver profundamente em você.
Sei o que desejo
E esse desejo bate no mesmo pulsar
Do seu olhar
Quando me quer.
Não esqueço as minhas dores
Mas não quero fazer dessas dores
A sua dor,
O seu sofrer.
Penso que sei até onde posso ir
E esse caminho,
Não importa em qual estrada,
Nem se chove ou faz sertões,
Escolho fazer junto a você.
Estranho amor de adolescente
Perdura infinitivamente,
Mesmo quando não sinto você em mim.
Poucas vezes
Vejo você inseguro do meu sentir
E esse medo,
Tão escondido
Faz-me forte para enfrentar
Meus próprios medos.
Não tenho vergonha
Das minhas inseguranças,
Nem do meu querer
Viver profundamente em você.
Sei o que desejo
E esse desejo bate no mesmo pulsar
Do seu olhar
Quando me quer.
Não esqueço as minhas dores
Mas não quero fazer dessas dores
A sua dor,
O seu sofrer.
Penso que sei até onde posso ir
E esse caminho,
Não importa em qual estrada,
Nem se chove ou faz sertões,
Escolho fazer junto a você.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
DOENÇA
Na mesma rua
No mesmo tempo
O bêbado caminha chorando
O bêbado caminha chutando
As estrelas.
Na mesma rua
No mesmo tempo
As prostitutas caminham xingando
As prostitutas caminham vendendo
Seus corpos.
E cruzam essas esquinas
Esses sinais fechados
Esses bares enlameados.
E no momento perfeito do tiroteio,
A multidão arrasta os corpos
Arrasta frustração, sede de afeição
Rasgando no seio do mundo
Um corte sem dor
Porém corrupto e canceroso.
No mesmo tempo
O bêbado caminha chorando
O bêbado caminha chutando
As estrelas.
Na mesma rua
No mesmo tempo
As prostitutas caminham xingando
As prostitutas caminham vendendo
Seus corpos.
E cruzam essas esquinas
Esses sinais fechados
Esses bares enlameados.
E no momento perfeito do tiroteio,
A multidão arrasta os corpos
Arrasta frustração, sede de afeição
Rasgando no seio do mundo
Um corte sem dor
Porém corrupto e canceroso.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Encontro
Ela chegou de mansinho, como quem andava em nuvens, e ele apenas sentiu seu perfume fresco, de rosas se abrindo num dia de abril, depois da breve chuva da madrugada.
Ela tinha um jeito meio assim, quase sonhadora, de menina que brinca pisando em poças de chuva; Ele, meio curtido pelo sol sertanejo, era de poucas palavras, econômico também nos gestos, mas de uma emoção sem tamanho que trancava no peito.
Ele gostava do cheiro da terra úmida, sinal de plantas brotando; Ela preferia o gosto tenro da maçã.
Ela era feita de pele macia, cheia de curvas e fartura; Ele, ossos e couro meio velho, rugoso pelo sol do nordeste.
Ela buscava sonhos e nuvens; Ele, a solidez da sobrevivência.
Ela era música; Ele, silêncio.
Entre eles, a pele em fogo, a química ardente, o gosto do querer.
Foram dois, e no encontro, apenas UM.
Ela tinha um jeito meio assim, quase sonhadora, de menina que brinca pisando em poças de chuva; Ele, meio curtido pelo sol sertanejo, era de poucas palavras, econômico também nos gestos, mas de uma emoção sem tamanho que trancava no peito.
Ele gostava do cheiro da terra úmida, sinal de plantas brotando; Ela preferia o gosto tenro da maçã.
Ela era feita de pele macia, cheia de curvas e fartura; Ele, ossos e couro meio velho, rugoso pelo sol do nordeste.
Ela buscava sonhos e nuvens; Ele, a solidez da sobrevivência.
Ela era música; Ele, silêncio.
Entre eles, a pele em fogo, a química ardente, o gosto do querer.
Foram dois, e no encontro, apenas UM.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
VESTÍGIOS
Quando a noite invade meu quintal
E o silêncio reflete o que trago no peito
Escuto as vozes do vento sussurrando chuva em meus ouvidos.
Nada mais triste que o constante gotejar da solidão
Daquela mulher que vai atravessando pontes,
Em busca daquele que já morreu.
Nada mais triste do que a luz que se finda
Ao último sopro chamejante de vida
Que se esvai em sombras na madrugada vazia.
Enquanto escuto o silêncio imagino vidas
Que se erguem para o sol
E mãos que seguram agulhas e cemitérios.
As janelas se abrem invadindo os cômodos
E soprando vida!
E a mulher se vê no espelho
E conta suas rugas e seus cabelos brancos
E sua boca murcha se abre em sorrisos
Feitos de sal e ferro.
Quem imagina histórias de dor apenas
Não conhece nada.
Ela ri, gargalha, e se vê jovem,
Correndo pelas ruas,
Margaridas em seus cabelos
Vestido branco,
Descalça,
Atrás de um raio de sol.
Seus olhos negros miram o passado distante
E sonham – ainda – com outros mares a desbravar!
Ela admira seu pulsar e sorri – triste e saudosa.
Ela vive, apenas!
E o silêncio reflete o que trago no peito
Escuto as vozes do vento sussurrando chuva em meus ouvidos.
Nada mais triste que o constante gotejar da solidão
Daquela mulher que vai atravessando pontes,
Em busca daquele que já morreu.
Nada mais triste do que a luz que se finda
Ao último sopro chamejante de vida
Que se esvai em sombras na madrugada vazia.
Enquanto escuto o silêncio imagino vidas
Que se erguem para o sol
E mãos que seguram agulhas e cemitérios.
As janelas se abrem invadindo os cômodos
E soprando vida!
E a mulher se vê no espelho
E conta suas rugas e seus cabelos brancos
E sua boca murcha se abre em sorrisos
Feitos de sal e ferro.
Quem imagina histórias de dor apenas
Não conhece nada.
Ela ri, gargalha, e se vê jovem,
Correndo pelas ruas,
Margaridas em seus cabelos
Vestido branco,
Descalça,
Atrás de um raio de sol.
Seus olhos negros miram o passado distante
E sonham – ainda – com outros mares a desbravar!
Ela admira seu pulsar e sorri – triste e saudosa.
Ela vive, apenas!
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Humanidade
Sinto não estar agora,
Nesse exato instante,
Com a sede, a fome
Dos que amam.
Sinto nada sentir
Além do olhar, além da vida
Fuga!
Sonhar, sonhar,
Onde estou?
Terra dos horrores
Morte – destruição!
Como homem, vivo?
Que vida? Que homens?
Nesse exato instante,
Com a sede, a fome
Dos que amam.
Sinto nada sentir
Além do olhar, além da vida
Fuga!
Sonhar, sonhar,
Onde estou?
Terra dos horrores
Morte – destruição!
Como homem, vivo?
Que vida? Que homens?
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Muitas vezes tenho refletido e, sem brincadeiras, acho que o mundo não tem mais jeito. E o grande vilão dessa história são as pessoas, principalmente as que se consideram as "mais maravilhosas", as "mais mais" inteligentes, as donas da verdade suprema!
Mas, de repente, acordo para um gesto de gentileza, e PUMBA!!!! volta a esperança e a fé no poder da transformação...
Será ingenuidade????
Mas, de repente, acordo para um gesto de gentileza, e PUMBA!!!! volta a esperança e a fé no poder da transformação...
Será ingenuidade????
ESTRANHEZA
Que estranho ser habita em mim
Na calada da noite,
Enquanto homens e mulheres de bem
Dormem o sono dos justos?
Enquanto eu me transformo em outras mulheres,
Estranhas que não conheço,
Sinto despertar em meu peito sentimentos novos, ardentes,
Que clamam por sair aos gritos de dentro de mim.
Não me reconheço ao olhar-me no espelho
E ao mesmo tempo em que me encaro estranha e feia,
Vejo brotar em meus olhos
Um sorriso feito de tempo.
Sou aquela que beijou teus lábios frios,
A mesma que acalentou a criança abandonada,
A que acolheu o orvalho da madrugada.
Sou aquela que, pouco a pouco, segurou teu ombro trêmulo de medo,
Abraçou a velhinha cansada da esquina,
Deu alimento aos famintos,
Consolou teu choro,
Aliviou tua dor...
Meu nome?
Pode me chamar solidariedade!
Na calada da noite,
Enquanto homens e mulheres de bem
Dormem o sono dos justos?
Enquanto eu me transformo em outras mulheres,
Estranhas que não conheço,
Sinto despertar em meu peito sentimentos novos, ardentes,
Que clamam por sair aos gritos de dentro de mim.
Não me reconheço ao olhar-me no espelho
E ao mesmo tempo em que me encaro estranha e feia,
Vejo brotar em meus olhos
Um sorriso feito de tempo.
Sou aquela que beijou teus lábios frios,
A mesma que acalentou a criança abandonada,
A que acolheu o orvalho da madrugada.
Sou aquela que, pouco a pouco, segurou teu ombro trêmulo de medo,
Abraçou a velhinha cansada da esquina,
Deu alimento aos famintos,
Consolou teu choro,
Aliviou tua dor...
Meu nome?
Pode me chamar solidariedade!
terça-feira, 25 de agosto de 2009
TÉDIO
Estranha palavra que diz muito em cinco letras:
Água parada
Mosquito
Dia nublado
Inquietação
Cerveja quente
Mormaço
Morgação.
Estranha palavra que traduz pensamentos inquietos em apenas cinco letras:
Morbidez
Cheiro de lama
Máscaras
Bocejo
Zumbido
Quadrado
Fumaça
Frieza
Bocejo
Mormaço
Cerveja quente
Que tédio!
Água parada
Mosquito
Dia nublado
Inquietação
Cerveja quente
Mormaço
Morgação.
Estranha palavra que traduz pensamentos inquietos em apenas cinco letras:
Morbidez
Cheiro de lama
Máscaras
Bocejo
Zumbido
Quadrado
Fumaça
Frieza
Bocejo
Mormaço
Cerveja quente
Que tédio!
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
SONETO QUE SE FAZ CANÇÃO
A dor que trago em meu peito
Escondo, orgulhosa, atrás de um sorriso
Ninguém ouvirá meu grito, meu lamento
Ou saberá, nesse mundo, qual o meu castigo.
Essa dor cruel, torturante
Faz este frágil corpo chorar lágrimas vermelhas
- de suor e de sangue –
Enquanto vislumbro no céu milhares de estrelas.
Que céu tumultuado
Que estrelas frias
Que noite solitária!
Nenhuma brisa afasta o mistério
De minha vida que se esvai em sombras
Que alma sou eu, sem cemitérios
Que mar me tem, sem areia, sal e ondas.
Sei que procuro por mim nesse abismo profundo
Que traduz em música minha alma feminina
E a estrada que dá voltas nesse mundo
É espaço para mergulhar fundo na água cristalina
Que é você: amor mais que perfeito
Sentimento que transcende
Na busca do verdadeiro!
Escondo, orgulhosa, atrás de um sorriso
Ninguém ouvirá meu grito, meu lamento
Ou saberá, nesse mundo, qual o meu castigo.
Essa dor cruel, torturante
Faz este frágil corpo chorar lágrimas vermelhas
- de suor e de sangue –
Enquanto vislumbro no céu milhares de estrelas.
Que céu tumultuado
Que estrelas frias
Que noite solitária!
Nenhuma brisa afasta o mistério
De minha vida que se esvai em sombras
Que alma sou eu, sem cemitérios
Que mar me tem, sem areia, sal e ondas.
Sei que procuro por mim nesse abismo profundo
Que traduz em música minha alma feminina
E a estrada que dá voltas nesse mundo
É espaço para mergulhar fundo na água cristalina
Que é você: amor mais que perfeito
Sentimento que transcende
Na busca do verdadeiro!
CORES
Meus olhos buscam o equilíbrio
Entre o pulsar e o morrer
E a brusca parada não freia meus anseios.
São esses falsos valores que tentam me impor
Que me impulsionam para o salto...
Não tenho limites,
O azul me espera ardente
(mesmo quando o vermelho explode em ondas diante de mim),
E o cheiro da vida traz as mentiras da contínua luta.
Não espero flores
Nem as cores do arco-íris.
Quero o breu da dor
Onde posso esconder a saudade,
Onde posso me perder...
Entre o pulsar e o morrer
E a brusca parada não freia meus anseios.
São esses falsos valores que tentam me impor
Que me impulsionam para o salto...
Não tenho limites,
O azul me espera ardente
(mesmo quando o vermelho explode em ondas diante de mim),
E o cheiro da vida traz as mentiras da contínua luta.
Não espero flores
Nem as cores do arco-íris.
Quero o breu da dor
Onde posso esconder a saudade,
Onde posso me perder...
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Balada de uma Mujer
para minha amiga paulista
Quem me dera nas tardes amenas
Andar de mãos dadas nas calçadas sombreadas pelos jasmins,
Contar sempre com as amizades serenas,
Que nos façam melhores,
Que nos protejam e desejem nosso bem maior...
Quem me dera uma mujer para me consolar
Desejar minha alegria
Se deixar levar pelas estradas das gargalhadas,
Animar os dias, bebemorar a vida!
Ela será eterna amiga
Nas crises presente,
No passar dos anos – menina-mulher iluminada
Que cultiva flores,
Protege a vida – qualquer que seja...
Risada cristalina e presente,
Mão forte,
Palavra que o vento não leva,
Beleza interior e completa!
Quem me dera nas tardes amenas
Andar de mãos dadas nas calçadas sombreadas pelos jasmins,
Contar sempre com as amizades serenas,
Que nos façam melhores,
Que nos protejam e desejem nosso bem maior...
Quem me dera uma mujer para me consolar
Desejar minha alegria
Se deixar levar pelas estradas das gargalhadas,
Animar os dias, bebemorar a vida!
Ela será eterna amiga
Nas crises presente,
No passar dos anos – menina-mulher iluminada
Que cultiva flores,
Protege a vida – qualquer que seja...
Risada cristalina e presente,
Mão forte,
Palavra que o vento não leva,
Beleza interior e completa!
terça-feira, 7 de julho de 2009
VIAGEM
O poeta no tempo
Caminha, anda
Resiste!
Muda de rumo
Se perde, se acha
Perdão.
Insiste!
Seu mundo é noite perdida,
Vestida de prata.
Tão sua!
O vento desfaz sua mente.
Sua vida se vai.
As horas que passam
Seus dedos que correm
Sua fantasia é infinita!
Será fantasia?
Caminha, anda
Resiste!
Muda de rumo
Se perde, se acha
Perdão.
Insiste!
Seu mundo é noite perdida,
Vestida de prata.
Tão sua!
O vento desfaz sua mente.
Sua vida se vai.
As horas que passam
Seus dedos que correm
Sua fantasia é infinita!
Será fantasia?
quarta-feira, 3 de junho de 2009
CONTO DO PAI
A morte conversava baixinho, todos os dias, com o velho pai. Contava de suas aventuras desde o início dos tempos, de tudo que tinha ouvido e presenciado enquanto visitava vilarejos, cidades, reinos longínquos de contos de fadas, casas simples e mansões.
O valho pai escutava receoso, às vezes com o olhar assustado, outras vezes meio inconsciente. Eram tantas as histórias, e tão estranhas e inevitáveis que faziam o homem sentir medo, buscar fugas impossíveis, imaginar meios de passar desapercebido pela Morte, quem sabe ser deixado de lado mais um tempo, sendo esquecido num cantinho qualquer.
Mas ela, atenta, voltava sempre, às vezes pegando suas mãos magras, outras vezes tendo que segurá-lo no colo. E sussurrava palavras que se iam esvoaçando como as folhas no outono, carregadas pelo vento forte.
O velho pai, fragilizado pelas mazelas diárias, buscava fragmentos de seu passado, de esperança, e sentia a vida, como água cristalina, se esvair por entre seus dedos trêmulos.
E o coração cansado, debilitado por tanta vida e sofrimento, diminuía seu ritmo, seu pulsar, guardando suas últimas forças para o que ainda estava por vir.
O velho pai tremia de frio, de receio pelo que não conhecia, pelo que sua imaginação de poeta deixava entrever quando fechava seus olhos secos e cansados.
A Morte, sempre paciente, esperava. O ciclo da vida, mão de única via, tinha seu próprio tempo. O velho pai continuava, sabendo que certas batalhas são vitoriosas, mesmo quando perdidas.
E as ondas do mar, misturadas com a chuva que caía nesse mês de inverno nordestino, molhava seus pés frios, vestidos com meias novas, brancas.
O valho pai escutava receoso, às vezes com o olhar assustado, outras vezes meio inconsciente. Eram tantas as histórias, e tão estranhas e inevitáveis que faziam o homem sentir medo, buscar fugas impossíveis, imaginar meios de passar desapercebido pela Morte, quem sabe ser deixado de lado mais um tempo, sendo esquecido num cantinho qualquer.
Mas ela, atenta, voltava sempre, às vezes pegando suas mãos magras, outras vezes tendo que segurá-lo no colo. E sussurrava palavras que se iam esvoaçando como as folhas no outono, carregadas pelo vento forte.
O velho pai, fragilizado pelas mazelas diárias, buscava fragmentos de seu passado, de esperança, e sentia a vida, como água cristalina, se esvair por entre seus dedos trêmulos.
E o coração cansado, debilitado por tanta vida e sofrimento, diminuía seu ritmo, seu pulsar, guardando suas últimas forças para o que ainda estava por vir.
O velho pai tremia de frio, de receio pelo que não conhecia, pelo que sua imaginação de poeta deixava entrever quando fechava seus olhos secos e cansados.
A Morte, sempre paciente, esperava. O ciclo da vida, mão de única via, tinha seu próprio tempo. O velho pai continuava, sabendo que certas batalhas são vitoriosas, mesmo quando perdidas.
E as ondas do mar, misturadas com a chuva que caía nesse mês de inverno nordestino, molhava seus pés frios, vestidos com meias novas, brancas.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
EQUILÍBRIO
Sou uma equilibrista,
Balançando-me loucamente num fio condutor,
Muitas vezes me jogo,
Abro a janela e deixo a vida entrar espalhando seu ardor,
Noutras vezes, corro e fecho portas e janelas,
Sussurro baixinho e tenho medo de olhar as pessoas...
Pego em mil armas diferentes,
Experimento palavras e gritos,
Escondo a cabeça e nunca falo de amor.
Dói.
Desesperadamente destruo pedras,
Escolho outras pessoas,
Outros amantes,
Outros dentes e abraço o suor.
Não quero água, nem sombras amenas...
Quero ódio e indiferença,
Quero luar e neve,
Gelo rompendo a carcaça fechada.
Não quero almas e céu azul...
Quero tempestades e escorpiões,
Quero a dor do amor!
- Loucura - falam por aí...
O que me importa?
Sobriedade me faz mal.
Prefiro gargalhar, soluçar e andar por aí!
Balançando-me loucamente num fio condutor,
Muitas vezes me jogo,
Abro a janela e deixo a vida entrar espalhando seu ardor,
Noutras vezes, corro e fecho portas e janelas,
Sussurro baixinho e tenho medo de olhar as pessoas...
Pego em mil armas diferentes,
Experimento palavras e gritos,
Escondo a cabeça e nunca falo de amor.
Dói.
Desesperadamente destruo pedras,
Escolho outras pessoas,
Outros amantes,
Outros dentes e abraço o suor.
Não quero água, nem sombras amenas...
Quero ódio e indiferença,
Quero luar e neve,
Gelo rompendo a carcaça fechada.
Não quero almas e céu azul...
Quero tempestades e escorpiões,
Quero a dor do amor!
- Loucura - falam por aí...
O que me importa?
Sobriedade me faz mal.
Prefiro gargalhar, soluçar e andar por aí!
quarta-feira, 13 de maio de 2009
O laço e o nó – Ao meu pai
Durante toda a nossa existência construímos um tapete feito de laços e de nós, que se fazem e desfazem a partir de todas as relações que estabelecemos com outros seres no decorrer de nossa caminhada pela vida.
São relações que se traduzem em sentimentos, dos mais diversos tipos, tamanhos e cores, que nos transformam no que somos. Acredito que esse processo de aprendizagem afetiva se inicia quando bebês, ainda no calor uterino, fazemos contato com a mãe.
Ao nascer, já estabelecemos outros contatos que farão parte de nossa vida: pai, avós, tios e tias, primos, vizinhos, animais de estimação, todos num enorme emaranhado de nós , que vão sendo trançados diariamente.
Cada nozinho tem seu papel fundamental na construção da pessoa. E estes nós/laços são de diferentes tamanhos, alguns mais fortes, outros tão efêmeros que se desfazem na mais leve brisa do tempo.
Alguns nós são para sempre, deixando marcas que não se apagam jamais e que vão formando os bordados de nossa vida, deixando suas cores no nosso tapete do tempo.
Às vezes as cores ficam esmaecidas, se desgastando, quase desaparecidas na lembrança, como um dia de chuva que lava a rua ao amanhecer. Outras vezes, as cores são tão vívidas que se agitam ao sol, iluminando nossos olhares cansados e alimentando nossas almas carentes – deixando calor em nossas canções.
Cada laço consolida um afeto ou uma desavença, um amor, uma desesperança, uma tristeza sem fim, um anseio... Cada nó nos transforma, nos completa, nos diminui, e dói...
E cada passo que damos em direção à curva da vida nos fazem maiores. E somos sóis. E mesmo que nossas mãos estejam em outras mãos, e nossos braços amparem outros abraços, o caminho é único e é sozinho.
Mas os laços com que criamos nosso tapete podem ser fortes, suportando o peso de nossos corpos ao descansarem.
São relações que se traduzem em sentimentos, dos mais diversos tipos, tamanhos e cores, que nos transformam no que somos. Acredito que esse processo de aprendizagem afetiva se inicia quando bebês, ainda no calor uterino, fazemos contato com a mãe.
Ao nascer, já estabelecemos outros contatos que farão parte de nossa vida: pai, avós, tios e tias, primos, vizinhos, animais de estimação, todos num enorme emaranhado de nós , que vão sendo trançados diariamente.
Cada nozinho tem seu papel fundamental na construção da pessoa. E estes nós/laços são de diferentes tamanhos, alguns mais fortes, outros tão efêmeros que se desfazem na mais leve brisa do tempo.
Alguns nós são para sempre, deixando marcas que não se apagam jamais e que vão formando os bordados de nossa vida, deixando suas cores no nosso tapete do tempo.
Às vezes as cores ficam esmaecidas, se desgastando, quase desaparecidas na lembrança, como um dia de chuva que lava a rua ao amanhecer. Outras vezes, as cores são tão vívidas que se agitam ao sol, iluminando nossos olhares cansados e alimentando nossas almas carentes – deixando calor em nossas canções.
Cada laço consolida um afeto ou uma desavença, um amor, uma desesperança, uma tristeza sem fim, um anseio... Cada nó nos transforma, nos completa, nos diminui, e dói...
E cada passo que damos em direção à curva da vida nos fazem maiores. E somos sóis. E mesmo que nossas mãos estejam em outras mãos, e nossos braços amparem outros abraços, o caminho é único e é sozinho.
Mas os laços com que criamos nosso tapete podem ser fortes, suportando o peso de nossos corpos ao descansarem.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
REDESENHANDO
Depois de muitas tentativas
- erros, acertos –
O suor pingando das mãos
E o lápis escorregando,
Consigo desenhar meu nome.
E essas letrinhas miúdas,
Garranchos antes ilegíveis
Dão a sensação que sou,
Que posso ser.
Esse poder fazer cresce,
Na medida em que preencho as linhas
De cada página que escrevo.
Contou “causos”
Viajo na poesia
E meu riso contamina os contos de trancoso,
Os relatos,
As mágoas dos amores.
Se me mostro e me reconheço, Posso!
E quando me mostro dou ao outro o poder:
De querer me conhecer,
De interferir no meu processo.
E cresço.
Apareço!
Misturo minhas cores,
Minhas raças,
Minhas dores,
E desse grande caldeirão (vida)
Sou sertão
E sou mar
E sou poesia.
O registro do que sou
Não sou eu.
Somos nós!
Resgatamos juntos
E construímos.
Mas me dá um medo!!!!!
- erros, acertos –
O suor pingando das mãos
E o lápis escorregando,
Consigo desenhar meu nome.
E essas letrinhas miúdas,
Garranchos antes ilegíveis
Dão a sensação que sou,
Que posso ser.
Esse poder fazer cresce,
Na medida em que preencho as linhas
De cada página que escrevo.
Contou “causos”
Viajo na poesia
E meu riso contamina os contos de trancoso,
Os relatos,
As mágoas dos amores.
Se me mostro e me reconheço, Posso!
E quando me mostro dou ao outro o poder:
De querer me conhecer,
De interferir no meu processo.
E cresço.
Apareço!
Misturo minhas cores,
Minhas raças,
Minhas dores,
E desse grande caldeirão (vida)
Sou sertão
E sou mar
E sou poesia.
O registro do que sou
Não sou eu.
Somos nós!
Resgatamos juntos
E construímos.
Mas me dá um medo!!!!!
terça-feira, 21 de abril de 2009
ASAS PARA VOAR...
A emoção de estar, de olhar e sentir me conduz.
Ah, se eu pudesse criar asas para voar...
Olhos de falcão, observando a presa dos céus
Demarcando territórios
E, enfim, atacando...
Ah, se eu pudesse criar asas para voar...
E estar onde você estiver
De noite espreitar seu olhar
E nele me envolver – ver o brilho
E de manhã, cedo, esconder as minhas garras
E, de novo, alçar alturas inimagináveis... voar.
O prazer de sentir você me conduz.
Não sei até quando
Ou mesmo o porquê de ser
Mas falcão, vôo longe, e mergulho
Profundas águas do meu corpo
Que se derramam no teu.
Ah, quem me dera asas para voar...
E nos céus me fundir – azul.
Ah, se eu pudesse criar asas para voar...
Olhos de falcão, observando a presa dos céus
Demarcando territórios
E, enfim, atacando...
Ah, se eu pudesse criar asas para voar...
E estar onde você estiver
De noite espreitar seu olhar
E nele me envolver – ver o brilho
E de manhã, cedo, esconder as minhas garras
E, de novo, alçar alturas inimagináveis... voar.
O prazer de sentir você me conduz.
Não sei até quando
Ou mesmo o porquê de ser
Mas falcão, vôo longe, e mergulho
Profundas águas do meu corpo
Que se derramam no teu.
Ah, quem me dera asas para voar...
E nos céus me fundir – azul.
COMEÇO
A porrada foi grande,
A queda maior.
Caiu,
Levantou.
Fez passo de dança,
Deu um sorriso,
Saiu assobiando.
Na maior!
A queda maior.
Caiu,
Levantou.
Fez passo de dança,
Deu um sorriso,
Saiu assobiando.
Na maior!
sexta-feira, 3 de abril de 2009
MODINHA
É nessa casa ensolarada
Que construo, diariamente, o meu caminho:
Bem-querer, exalando perfume de jasmim...
Suas janelas se abrem para o dia que invade a sala,
Deixando a breve brisa percorrer seus cantos e arestas,
Afastando qualquer sombra,
Qualquer princípio de dor.
Lá fora, no quintal,
As pitangueiras em flor brincam, alegremente,
Com a terra molhada!
Este homem, esta mulher,
São como casas vizinhas
Cujo único muro que os dividem,
Não os separam...
Suas faces se completam.
E essa casa, aberta, sempre em construção
Cheia de risos e festa
Não se imobiliza em uma reforma,
Pois dinâmica, se transforma diariamente,
Erguida numa base de solidez
Que chamam amor!
abril/09
Que construo, diariamente, o meu caminho:
Bem-querer, exalando perfume de jasmim...
Suas janelas se abrem para o dia que invade a sala,
Deixando a breve brisa percorrer seus cantos e arestas,
Afastando qualquer sombra,
Qualquer princípio de dor.
Lá fora, no quintal,
As pitangueiras em flor brincam, alegremente,
Com a terra molhada!
Este homem, esta mulher,
São como casas vizinhas
Cujo único muro que os dividem,
Não os separam...
Suas faces se completam.
E essa casa, aberta, sempre em construção
Cheia de risos e festa
Não se imobiliza em uma reforma,
Pois dinâmica, se transforma diariamente,
Erguida numa base de solidez
Que chamam amor!
abril/09
sexta-feira, 27 de março de 2009
OFERENDA
São essas as mãos que se apertam,
Tocam-se,
Amam-se ao anoitecer e nas madrugadas frias.
São esses os pés que se encontram
E se acariciam,
Escondidos sob os lençóis,
Durante o sono.
São essas as bocas que se procuram,
Reconhecendo-se macias,
Entre o beijo
E o morder.
São esses os corpos que se agarram, ardentes,
E se machucam, contentes,
Na busca ansiosa pelo prazer.
E o teu pelo no meu pelo se enrosca,
E tua pele junto a minha,
Incendeia e me faz pronta...
Para receber seu corpo – sem paz,
No gozo do amor que nos completa.
Mar/09
Tocam-se,
Amam-se ao anoitecer e nas madrugadas frias.
São esses os pés que se encontram
E se acariciam,
Escondidos sob os lençóis,
Durante o sono.
São essas as bocas que se procuram,
Reconhecendo-se macias,
Entre o beijo
E o morder.
São esses os corpos que se agarram, ardentes,
E se machucam, contentes,
Na busca ansiosa pelo prazer.
E o teu pelo no meu pelo se enrosca,
E tua pele junto a minha,
Incendeia e me faz pronta...
Para receber seu corpo – sem paz,
No gozo do amor que nos completa.
Mar/09
quinta-feira, 26 de março de 2009
A Morte Anunciada
Estou no mundo apenas para ser o que sou,
Para criar realidades diferentes que me conduzam
Ao mais ínfimo pensamento.
Subo na mais alta das montanhas
E nado no mais profundo dos mares.
Escavo o chão duro e imutável
Dos sertões de minha terra
E só encontro lágrimas
E sangue.
Transformo a careta e a fome
Em gargalhadas de escárnio...
A ironia permeia toda a minha vida.
Percorro a mais longa estrada
E pulo todas as fendas escuras e fétidas
Que teimam em me atrasar.
Meu caminho é fogo,
É suor,
É sede de encontros.
E essa dor no peito, intransigente, nostálgica
Inflama meu peito e minhas narinas
Com esse aroma doce-amargo que traz lembranças
De um tempo em que não vivi.
E essa dor no peito – vermelha
Teima em queimar todo o oxigênio luminoso do dia,
Deixando-me abatida, no chão,
Como um cão sem dono,
Que morre solitário no meio da multidão!
Mar/09
Para criar realidades diferentes que me conduzam
Ao mais ínfimo pensamento.
Subo na mais alta das montanhas
E nado no mais profundo dos mares.
Escavo o chão duro e imutável
Dos sertões de minha terra
E só encontro lágrimas
E sangue.
Transformo a careta e a fome
Em gargalhadas de escárnio...
A ironia permeia toda a minha vida.
Percorro a mais longa estrada
E pulo todas as fendas escuras e fétidas
Que teimam em me atrasar.
Meu caminho é fogo,
É suor,
É sede de encontros.
E essa dor no peito, intransigente, nostálgica
Inflama meu peito e minhas narinas
Com esse aroma doce-amargo que traz lembranças
De um tempo em que não vivi.
E essa dor no peito – vermelha
Teima em queimar todo o oxigênio luminoso do dia,
Deixando-me abatida, no chão,
Como um cão sem dono,
Que morre solitário no meio da multidão!
Mar/09
O que é a verdade?
Em que devemos acreditar?
Em quem acreditar?
Nestes tempos conturbados, a desesperança teima em colocar suas garras de fora, deixando incertezas e medos, às vezes certezas que deveriam nem existir.
Falta ética, faltam princípios/valores em tudo: políticos, mídia, vizinhos, colegas, empresas, etc.
Sempre acreditei ser fundamental a honestidade, a solidariedade, o respeito à diversidade, ao meio ambiente, ao planeta.
Acredito na vida, tenho fé no homem, tenho fé em dias melhores.
Educo minhas filhas com base nesses princípios e na liberdade com responsabilidade. Podemos errar, claro, mas devemos assumir as conseqüências dos nossos atos.
Seguro na minha mão a certeza de que homens e mulheres têm, em si, a qualidade e a força para construir um mundo melhor. E que a transformação da passividade e do conformismo em VONTADE/CRIATIVIDADE vem da educação, do trabalho, do dar-se as mãos e seguir em frente – REALIZAR!
Texto escrito em 2006, mas que considero atual!
Em que devemos acreditar?
Em quem acreditar?
Nestes tempos conturbados, a desesperança teima em colocar suas garras de fora, deixando incertezas e medos, às vezes certezas que deveriam nem existir.
Falta ética, faltam princípios/valores em tudo: políticos, mídia, vizinhos, colegas, empresas, etc.
Sempre acreditei ser fundamental a honestidade, a solidariedade, o respeito à diversidade, ao meio ambiente, ao planeta.
Acredito na vida, tenho fé no homem, tenho fé em dias melhores.
Educo minhas filhas com base nesses princípios e na liberdade com responsabilidade. Podemos errar, claro, mas devemos assumir as conseqüências dos nossos atos.
Seguro na minha mão a certeza de que homens e mulheres têm, em si, a qualidade e a força para construir um mundo melhor. E que a transformação da passividade e do conformismo em VONTADE/CRIATIVIDADE vem da educação, do trabalho, do dar-se as mãos e seguir em frente – REALIZAR!
Texto escrito em 2006, mas que considero atual!
Para Início de Conversa...
Tudo o que se inicia é fácil, terminar é que são elas. Ou é justamente o contrário?
Espaço pra tudo, desde conversas ao pé do ouvido, conversas em mesas do bar, com direito a tiragosto e cerva gelada, ou até mesmo GRITOS...
Só não vale indiferenças, indelicadezas, e outros "in" dessa vida!
É isso aí. Como dizia o grande Gonzaguinha "eu nem preciso asas pra voar".
Espaço pra tudo, desde conversas ao pé do ouvido, conversas em mesas do bar, com direito a tiragosto e cerva gelada, ou até mesmo GRITOS...
Só não vale indiferenças, indelicadezas, e outros "in" dessa vida!
É isso aí. Como dizia o grande Gonzaguinha "eu nem preciso asas pra voar".
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